terça-feira, 22 de setembro de 2009

Max Otto Bruker

A ciência médica fez tanto progresso nas últimas décadas,
que hoje, praticamente,
não existe mais nenhuma pessoa sadia!"

Esta frase de Aldous Huxley combina bem com aquilo que gostaria de expor. Estamos hoje diante de um fato estranho: mais e mais pessoas adoecem de mais e mais doenças. Fala-se abertamente de uma crise na medicina. A medicina acadêmica — por incrível que pareça — não se preocupa com as causas das doenças: deixa a doença aparecer e trata dela, investindo uma fortuna. Só trata dos sintomas. Porém, a verdadeira cura só é possível quando nos preocupamos com as causas.

Se alguém tem uma doença no joelho, o joelho não é a causa; a causa pode ter sido uma queda. Quando alguém tem uma doença mental, a mente não é a causa; a causa pode ser o estresse. A causa não é o fígado, não é a tiróide. A doença se desenvolve no fígado ou na tiróide, mas a causa é anterior.

Quando o doente quer saber a causa do seu mal-estar, pode escutar do médico: “São problemas de circulação”. O doente nem percebe que seus problemas de circulação, na realidade, são um sintoma de doença. Ele deveria perguntar: “De onde vêm os problemas de circulação?

Outras vezes o doente ouve: “Isso vem do fígado” ou “Isso vem da tiróide, da coluna, dos hormônios, do sistema nervoso”. O doente aceita tudo.

O doente quase sempre sofre de uma única doença. Mas essa doença se manifesta através de muitos sintomas que ele conta para o médico. Como o médico não conhece as causas, prescreve um medicamento para cada sintoma. Mas cada sintoma é um sinal de perigo. Imagine se a estrada de ferro desligasse todos os sinais para deixar o trem passar — quantos acidentes! É isso, em princípio, o que a medicina faz hoje.

O doente chega com um saquinho, uma sacola ou até com uma mala inteira e espalha diante de mim os seus remédios. Diz: “Isto aqui é para a pressão; isto é para o sono; isto é para o coração; isto é para a circulação; isto é para a prisão de ventre! ... ’’ — para cada sintoma ele tem um remédio especial. Existem doentes que, diariamente, tomam 30 medicamentos diferentes.

Eu pergunto: “Há quanto tempo está tomando isto?”
— “Bem, este eu tomo há 5 anos; isto aqui o médico me receitou faz oito anos; e este eu preciso tomar sempre.” É um absurdo tomar o mesmo remédio, ano após ano.
Sempre pergunto: “O remédio ajudou?
— “Acho que não, continuo na mesma!
Então eu digo: “Jogue fora.

Por outro lado, se o medicamento já fez efeito, por que devemos continuar tomando? Imaginem alguém com pneumonia. Ele recebeu penicilina e sarou, mas continua tomando penicilina durante anos a fio, com medo de ficar com nova pneumonia.

O enfarte do miocárdio
Veja o que acontece, por exemplo, no enfarte do miocárdio. Para ocorrer um enfarte, são necessários cerca de 40 anos de má alimentação que, pouco a pouco, provoca depósitos na parede dos vasos que irrigam o coração. Quem não conhece esta causa real apresenta uma série de causas aparentes.

Dizem que o enfarte é provocado por pressão alta. A pressão alta não é uma causa. A pressão alta tem uma causa. Pode ser causada por alimentação errada. Também pode ser provocada pelo tipo de vida que a pessoa leva. Nesse caso, é necessário ajudar o doente a diminuir o seu estresse. A pressão é um sintoma e não uma causa.

Outros dizem que a causa do enfarte é o excesso de colesterol no sangue. O colesterol é vital e, quando a pessoa não recebe colesterol pela alimentação, o próprio organismo produz. Uma indústria alimentícia conseguiu, em poucos anos, levar o povo alemão a deixar a manteiga para consumir margarina, um produto industrializado, inferior: “A manteiga é perigosa, contém colesterol e o colesterol provoca doença", afirmava a indústria.

Os médicos deveriam dizer: “Isto é besteira!" Mas, como na faculdade de medicina pouco se aprende sobre nutrição, eles ignoram a realidade e até hoje encontramos, em bons hospitais, margarina em vez de manteiga.

Outros assinalam que muitos diabéticos têm enfarte. Isso é verdade. Foi comprovado que, após 10 anos de diabete, aparece uma arteriosclerose. A arteriosclerose, porém, nada tem a ver com a diabete. Aparece em decorrência do tratamento errado. Dizem ao doente: “Você não deve comer carboidratos, mas bastante carne”. Assim, a arteriosclerose é provocada por um excesso de proteína animal e não pela glicose no sangue.

A falta de exercícios também é vista como causa do enfarte. A falta de exercício não provoca o enfarte, mas um belo impulso econômico. Vendem-se mais bicicletas, tênis e trajes esportivos. É claro que as pessoas precisam fazer exercícios, mas quando se alimentam errado, a falta de nutrientes não pode ser compensada com uma corrida.

Outros ainda culpam o fumo. Porém, fumar não causa enfarte. A nicotina provoca uma série de danos no organismo. Mas, quando a pessoa se alimenta direito e não há depósitos nos vasos do coração, ela pode fumar e não vai ter enfarte. Entretanto, quando a pessoa se alimenta de forma errada, o fumo é um fator agravante. O estreitamento provocado por ele pode diminuir o vaso já reduzido pelos depósitos a ponto de ocorrer o enfarte.

Finalmente, dizem que o enfarte pode ser provocado pelo estresse— por uma carga emocional excessiva. Não é verdade! Se os vasos estiverem perfeitos, o choque não vai ser suficiente para levar ao enfarte. É preciso que a pessoa tenha se alimentado mal durante 30 ou 40 anos para que os vasos estejam tão alterados que um choque emocional vá desencadear o enfarte.

Esses são alguns exemplos que mostram as acrobacias mentais necessárias na medicina acadêmica quando as causas das doenças são desconhecidas. Passaram a dizer: “É verdade, tudo isso não são causas, são fatores de risco".

Começamos pela alimentação
Em cada doença podemos encontrar um elemento relacionado com a alimentação. Mas a doença também está relacionada com a vida do doente. Começamos sempre com a alimentação, porque é mais fácil mudar a alimentação do que as condições de vida. Não podemos trocar, de hoje para amanhã, o cônjuge ou os filhos. Mas podemos comprar alimentos diferentes. Por isso começamos, para qualquer tipo de doença, com as falhas na alimentação. O doente percebe que não estava certo o que vinha fazendo há décadas. Então se dispõe a examinar se também é possível modificar alguma coisa em outras áreas.

Existe um grande problema: as doenças provocadas pela alimentação têm uma evolução muito lenta — de 20 a 40 anos. Podemos nos alimentar de forma errada durante muito tempo, sem nada perceber. Aparentemente bem. O longo período entre causa e efeito encobre o relacionamento entre alimentação e doença.

Há uma exceção: a cárie dental. Na boca é possível ver, relativamente depressa, se a pessoa se alimenta direito. Hoje, quase todas as crianças de 10 anos já têm cáries. Isto é uma degeneração do homem civilizado que também afeta os demais órgãos.

As doenças da civilização, provocadas pela má alimentação, têm todas a mesma causa — o consumo de alimentos industrializados.

Vou enumerar as doenças comprovadamente provocadas pela falta de alimentação adequada.

  • nos dentes temos a cárie e, 20 anos mais tarde, aparece a paradontose;
  • ao mesmo tempo, temos as doenças do aparelho locomotor: doenças degenerativas como artrose, espondilose na coluna vertebral e doenças inflamatórias como artrite e poliartrite. Não encontramos nenhuma pessoa com doença do aparelho locomotor que não tenha, simultaneamente, cáries ou paradontose;
  • a seguir, temos as doenças do metabolismo. Muitas das assim chamadas ‘‘doenças do fígado’’ aparecem quando este não consegue realizar o seu trabalho, por falta de determinados nutrientes. Quando acrescentamos esses nutrientes, em poucos meses o fígado funciona perfeitamente, apesar do doente ter ouvido: ‘‘Vai ter uma cirrose, não há mais nada a fazer!’’As doenças do metabolismo incluem os cálculos biliares e renais, a gota, a diabete e a obesidade. A obesidade não é provocada por excesso de alimentação. A gordura não se transforma em gordura dentro do corpo humano. Ocorre uma transformação. A obesidade é provocada pela carência de certos elementos vitais. A rigor, trata-se de uma desnutrição. Quando se alimenta de forma correta, o doente pode comer bastante e, mesmo assim, perder peso, porque a doença está melhorando;
  • a maioria das doenças do aparelho digestivo têm sua origem na alimentação: prisão de ventre, doenças da vesícula biliar, do pâncreas, do intestino delgado e grosso;
  • no aparelho circulatório aparece a arteriosclerose, que leva ao enfarte do miocárdio. Ela é provocada por depósitos nos vasos sangüíneos e algo semelhante leva à trombose ou ao derrame cerebral. Todos são distúrbios metabólicos decorrentes de décadas de alimentação errada;
  • a tendência para contrair infecções entra aqui. Os resfriados, por exemplo, não têm nada a ver com o frio, mas com a falta de resistência contra bactérias. A pessoa sadia, com boa defesa imunológica, não adoece. Durante o tratamento alimentar, os pacientes nos dizem: ‘‘Antigamente eu sempre ficava resfriado, mas desde que estou me alimentando de forma diferente, há 2 anos não fico resfriado’’;
  • finalmente, podemos acrescentar 50% dos casos de câncer, para os quais existem muitos outros fatores. Em 1900, para cada 30 óbitos havia 1 caso de câncer. Hoje, temos um caso de câncer em cada 5 óbitos. Isso não pode ser atribuído apenas à alimentação. É decorrente, também, da poluição do meio ambiente, que mata as florestas, os animais e o homem.

Causas das doenças provocadas pela alimentação
De maneira simplificada, podemos dizer que são causadas pela industrialização dos alimentos. Há 100 anos começaram a pesquisar o que realmente ingerimos quando comemos uma batata, uma verdura etc. Constataram que existem três macro-nutrientes (proteínas, gorduras e carboidratos) e concluíram que o homem está bem alimentado quando recebe proteína, gordura e carboidratos em quantidade suficiente. Assim, a indústria alimentícia começou a criar alimentos concentrados.

Para digerir os macro-nutrientes, precisamos de elementos vitais biológicos. Todos os alimentos que estão vivos na natureza contêm esses elementos vitais. Primeiro descobriram as vitaminas e os sais minerais. Começaram, então, a incluir na alimentação vitaminas produzidas em laboratório. Mas existem muitos elementos vitais que não conhecemos e não podemos substituí-los por um produto de laboratório.

Vou explicar a industrialização dos alimentos tomando o pão como exemplo. Antigamente, o pão era produzido de grãos integrais, moídos. Quando os cientistas disseram que a parte essencial do grão era o miolo — um carboidrato — começaram a eliminar o farelo e o germe para moer apenas o miolo. Aí surgia a farinha branca. Hoje, o arroz e outros cereais também são alterados dessa forma, eliminando os elementos vitais que estão no farelo e no germe.

A conservação é outro motivo para alterar os cereais. Com a aparição das grandes cidades era importante ter uma farinha que não deteriorasse. Quando moemos o grão inteiro, a farinha facilmente fica rançosa porque o germe contém óleo. Produzir farinha que pode ser guardada durante vários anos foi considerada uma descoberta incrível, um progresso enorme. Por isso, todos os moinhos têm hoje um dispositivo que elimina o farelo e o germe, moendo apenas o miolo. É essa descoberta que representa o nascimento das doenças da civilização, provocadas pela má alimentação.

Outra causa dessas doenças é o açúcar industrializado, em todas as suas formas (açúcar branco, frutose, glicose etc.). O açúcar também é um carboidrato.

Para serem transformados dentro do organismo, os carboidratos precisam principalmente de vitamina B1. Os fornecedores principais desta vitamina são os cereais integrais. Quando beneficiamos os cereais, retirando as camadas externas do grão, eliminamos a vitamina B1. O consumo de farinha branca e arroz branco provoca uma carência crônica de vitamina B1. A combinação de cereais refinados e açúcar branco agrava esta carência perigosa de vitamina B1 porque o açúcar branco também utiliza vitamina B1 na sua transformação.

Prevenir as doenças provocadas pela alimentação é relativamente fácil: em vez de arroz branco e farinha branca precisamos usar alimentos integrais. Como o pão integral é aquecido, alguns elementos vitais se perdem. Para compensar esta perda, adicionamos algum cereal cru — inteiro, moído ou germinado — à salada de frutas ou hortaliças.

Para suprir o organismo com os elementos vitais, não faz sentido comprar um muesli pronto, industrializado. É preciso preparar a refeição com cereais crus e frescos.

Muitas pessoas não suportam bem a mudança para pão integral e produtos de farinha integral — por causa do açúcar industrializado. Estudos mostram que, ao passar para produtos integrais, os alimentos contendo açúcar refinado provocam indisposição. O açúcar refinado pode provocar mal-estar abdominal, sensação de peso, gases e até dores. Por isso, só podemos mudar a alimentação retirando o açúcar refinado no momento em que passamos para cereais integrais.

Para garantir a presença dos elementos vitais necessários, como vitaminas e enzimas, a comida precisa conter uma boa porção de frutas frescas e hortaliças não aquecidas. Também é preciso evitar as gorduras refinadas e voltar para as naturais, como a manteiga ou os óleos extraídos a frio.

Se as pessoas seguissem estes poucos princípios, dentro de 30 ou 40 anos as doenças teriam diminuído consideravelmente.

Saúde, um problema de informação
Naturalmente, seria necessário informar a população sobre estes fatos. Porém, isso é difícil, porque os médicos sabem pouco sobre a relação entre alimentos e doenças e porque as indústrias alimentícias se tornaram uma potência mundial, que tomou para si a informação da população. Todos nós somos manipulados.

Os grupos que defendem os interesses financeiros estão hoje dentro do governo. Quando é preciso tomar uma decisão em que interesses econômicos se opõem a interesses de saúde, são sempre os interesses econômicos que acabam vencendo. E assim, temos um povo doente.

A cárie dental é um exemplo. Ela é conseqüência pura e simples do consumo de carboidratos refinados (principalmente açúcar branco). Seria necessário esclarecer a população para diminuir o consumo de doces e refrigerantes. Acontece exatamente o contrário. Na televisão, a propaganda oferece, sem parar, informações erradas tipo: ‘‘o organismo precisa de açúcar’’. É claro que o organismo precisa de açúcar, mas não do refinado, pois todos os carboidratos se transformam em açúcar.

A Secretaria de Saúde divulga que é possível diminuir a cárie, escovando melhor os dentes, utilizando pasta de dentes com flúor, tomando comprimidos de flúor ou adicionando flúor à água potável. Mas a cárie não é uma doença provocada pela carência de flúor. Toda essa manobra procura somente encobrir o açúcar refinado como causa da cárie. Nos debates dizem: ‘‘Mesmo se a gente dissesse que existe uma ligação, ninguém iria seguir os conselhos; por isso não dizemos nada!’’ Assim, nossas crianças já recebem flúor desde o nascimento ‘‘para evitar a cárie’’ e ninguém divulga que o flúor é um veneno.

Precisamos ser menos ingênuos e procurar nos informar melhor sobre os problemas que estão por trás desta situação. Não se trata de problemas médicos, mas de problemas na política de saúde.

Este texto pode ser obtido gratuitamente também em audio

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