LEMBRANDO ANTÓNIO ALEIXO

Não mais vem, como desejo.>>>> Ele há gente tão mesquinha,
Um mundo novo perfeito; >>>>>> De tão baixa condição...
Só fechando os olhos, vejo >>>>> Censuram a vida minha
Tal desejo satisfeito.... >>>>>>> > Por não ser como eles são!
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Que esperança será aquela >>>> Digo sempre que estou bem
Que sinto desde criança, >>>>>>Quanto mais sofro mais canto
Que ainda dou restos dela >>>>>Para quê chorar?... Se ninguém
Aos que já não tem esperança! > Me quer enxugar o pranto!
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Para provocar ódio e ira >>>>>>Sou um dos membros malditos
Ao cinismo e à vaidade, >>>>>>Dessa falsa sociedade
Cuspo na face à mentira >>>>> Que, baseada nos mitos,
Beijando os pés à verdade. >>> Pode roubar à vontade.
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Se com eles me confundo >>>> Só penso em roubar dinheiro
Pelo mal que no mundo faço >>Quando ele me chegue bem
É porque sou um pedaço >>>>> Para provar ao mundo inteiro
Da lama do mesmo mundo >>>Que o não roubei a ninguém!
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Antes cego, surdo e mudo>>>>>>Acho uma moral ruim
Que, entre tanta gente honrada,>Trazer o vulgo enganado:
Ouvirmos e vermos tudo>>>>>>Mandarem fazer assim
Sem podermos dizer nada!>>>>>E eles fazerem assado.
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Pensas que não te pertenço,>>>>Mas como sei que não queres
Sempre que pensas em mim>>> Pensar pela minha cabeça...
Porque não pensas que penso>> Tu pensas o que quiseres,
Que tu não pensas assim.>>>>> Eu penso o que me apeteça.
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Não me dêem mais desgostos>>Da forma que isto está feito,
Porque eu sei raciocinar...>>>> Para ninguém podes ser franco:
Só os burros estão dispostos>> Ao preto mostra-te preto,
A sofrerem sem protestar!>>> Para o branco faz-te branco!
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Traz cinismo, meu rapaz,>>>>Rouba muito que de resto,
E no mundo serás gente...>>> Terás um bom advogado
Porque aquele que o não traz>Que prova que és mais honesto
Comem-no... cinicamente.>>>Que propriamente o roubado.
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Deixa o mundo, mau ou bom>>Faz-te lobo traiçoeiro,
Não sofras por ele, amigo;>>>>Inteligente e astuto...
Não te preocupes com>>>>>> Se dás a ver que és cordeiro
Quem não se importa contigo.>Não vives mais um minuto
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Se já sofreste, não chores,>>> Nas tuas horas mais tristes,
Que a vida passa depressa>> De mágoas e desenganos,
Vamos ter dias melhores>>> Pensa que já não existes,
E o passado pouco interessa.>Que morrestes há muitos anos.
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Se queres medir cabeças>>>>Se julgas pela aparência,
Das que vês passar na rua>>>E achas isso natural,
Aprende, não te envaideças>>Terás que ter paciência
E assim medirás a tua...>>>>>Se alguém a ti te julgar mal.
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Não creio que penses bem>>>>Quem julgue à primeira vista
Ao quereres que pense assim> Julga quase sempre errado:
Porque eu creio que ninguém> A alma de um grande artista
Poderá pensar por mim.>>>>>Pode estar num deformado
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Não julgues pela má fama>>>>Para que tentas prender
Nem pelas cores piores;>>>>>Um pensador de talento?
A terra da cor da lama>>>>>>Não vês que vais dar, sem querer
É que dá frutos melhores!>>> liberdade ao pensamento!
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Esses por quem não te interessas>Abusas do teu poder
Produzem quanto consomes:>>>>Puseste-me uma mordaça
Vivem das tuas promessas>>>>> Para eu não poder dizer
Ganhando o pão que tu comes!>> Quem fez a minha degraça.
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Porque a mentira te agrade>>>>E quem segue os teus conselhos
Não me deves obrigar>>>>>>>>Vive pedindo favores...
A ocultar a verdade>>>>>>>>> Toda a vida de joelhos,
E a mentir para te agradar.>>>>Aos pés dos seus opressores.
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Encantadas nessas tretas,>>>>>Vou-te falar com franqueza,
As velhacas das beatas>>>>>>>Dissestes... mas não previste
Vão-se pôr quase de gatas>>>> Que assim me deste a certeza
Debaixo das saias pretas.>>>>>Que até então me mentiste.
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Para veres o que merecias>>>>Chamaste-me malcriado
Quando tu me fazes mal,>>>>>Eu chamo-te homem de bem
Pensa só no que farias>>>>>> Coisa que ainda ninguém
A quem te fizesse tal.>>>>>>>Talvez te tenha chamado.
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Finges não ver a verdade>>>>>Tu andas cheio, eu vazio;
Porque afinal, tu compreendes>Tens à escolha o que quiseres
Que atrás dessa ingenuidade>>Comes o melhor que eu crio,
Tens tudo quanto pretendes.>>Eu como o que tu não queres.
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Se andas comigo à pancada>>>Tu que vives na grandeza
A justiça comprarás...>>>>>>>Se calçasses e vestisses
Arranjas uma embrulhada>>>Daquilo que produzisses,
Que vou preso e tu não vás.>>Andavas nu, com certeza.
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Numa ambição desmedida>>>Os que vivem na grandeza
A gente grande quer ter>>>> Dizem vendo alguém subir
Dois céus:- um cá nesta vida> Há que manter a pobreza
Outro depois de morrer.>>>>Para a grandeza não cair.
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Pobres, para que nascem eles>>>Quem trabalha e mata a fome
É fácil de compreender>>>>>>> Não come o pão de ninguém
Nascem para escravos daqueles>Mas quem não trabalha e come
Que podem fugir de o ser.>>>>>Come sempre o pão de alguém!
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HÁ TANTOS BURROS MANDANDO
EM HOMENS DE INTELIGÊNCIA
QUE ÀS VEZES FICO PENSANDO
QUE A BURRICE É UMA CIÊNCIA