Quem foi o Autor deste Poema?
"Os poemas que tenho estado a apresentar, não são copiados da Internet, pelo que desconheço se os mesmos se encontram publicados. Todos os que aqui apresento, tenho-os guardados numa colecção própria e como disse não são retirados da net."
Aonde viste língua, ó grão Ferreira,
Com mais primores de gentil riqueza
Do que entre os Lusos? Das vulgares línguas,
Dize te mostrem outra, que já tenha
Tanta cópia de termos de maneiras,
De lindas frases, de elegâncias belas,
De adágios e anexins de altivo preço,
De mil apodaduras tão donosas,
De todo o bom falar prendas nativas,
Prova de língua cultivada e rica.
Quão poucos de seus filhos a conhecem!
Matrona nobre e grave, e mui senhora,
Cheia de acatamento e majestade,
Ao mesmo tempo de formosas galas,
De encantadoras sólidas belezas,
Que brilham no seu rosto, nos seus ares,
Nas expressões e falas, nos costumes,
Na solta prosa, ou já no rico metro.
Não pode ir par com ela a tão valida.
Francesa língua, que ora voga tanto,
Que em lhe tirando termos todos d'artes,
Que a sábia Grécia e Roma lhe emprestaram,
Em tudo o mais, se tu a bem comparas
Com a nossa natural, é frouxa e estreita:
Não tem força de termos majestosos,
Não tem vozes esdrúxulas dactílicas;
Não tem ricos vocábulos compostos,
Que épica trompa belicosa entoe,
Que pindárica lira em sons valentes
Aos celestes alcaçares remonte.
Faltam-lhe garbos, nobres gentilezas
Do métrico falar harmonioso;
Nem asas tem, com que voando possa
Alçar-se aos astros com soberbo esp'rito,
E transpor sublimada o alto Olimpo;
Não é língua dos deuses; é só prosa,
Sem ter mais brio, que a cansada rima.