segunda-feira, 15 de março de 2010

ROUBADO PELA MULHER- ANTÓNIO ALEIXO

Um cavalheiro casado
Foi ao baile, destrajado;
Dançou, foi ao camarim,
Com um anjo ou uma estrela,
Sem a conhecer, porque ela
Não tirou o mascarim.

A sós ela consentia
Tudo o que ele lhe fazia,
Mas com esta condição:
De se entregar, ser sua,
Despir-se até ficar nua,
Mas mostrar o rosto, não!

E enquanto ele a abraçava
E cego de amor beijava
Aquele corpo escultural,
Ela aproveita a cegueira,
Para lhe roubar a carteira,
Mas ele não deu por nada.

Mais tarde a cena acabou-se,
Ela vestiu-se e raspou-se;
E ele muito atrapalhado,
Com certo tremor na fala,
Vem cá fora e diz na sala:
-Meus senhores, estou roubado.

-Não sabe quem o roubou?
-Foi muito o que lhe levou?
Perguntam todos com espanto.
-Foram dez contos de reis
E além disso alguns papéis
Que valem mais de outro tanto.

Vai para casa a fugir,
Encontra a mulher a rir
Com a carteira na mão,
Que se abraça a ele e diz:
-Toma lá meu aprendiz,
- Foi uma bela lição!

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